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Crescer é lembrar: o que herdamos sem perceber — e como isso nos transforma

  • Foto do escritor: julianadiaspsicoem
    julianadiaspsicoem
  • há 7 dias
  • 2 min de leitura

Atualizado: há 59 minutos

"Viva – A Vida é uma Festa" é daquelas obras que, à primeira vista, parecem simplesmente celebrar a música, a infância e o Dia dos Mortos. Mas, quando olhamos com cuidado — e com a sensibilidade de quem estuda desenvolvimento humano com uma lupa — percebemos algo muito maior: uma história sobre pertencimento, raízes emocionais e o solo invisível que nos forma antes mesmo de nascermos.


Miguel, um menino de 12 anos apaixonado por música, tenta encontrar um espaço onde sua verdade caiba dentro das regras da família. Assim como Riley, de Divertida Mente, ele está em um momento em que o mundo interno e o mundo externo se chocam. E é justamente nesse conflito que o filme brilha: ao desenhar a luta entre tradição, desejo e identidade — temas que atravessam qualquer ciclo de desenvolvimento.


A viagem de Miguel ao mundo dos mortos não é apenas uma aventura estética ou culturalmente rica. É uma metáfora para algo que todas as famílias carregam: a história que veio antes da nossa história. Cada ancestral, cada lembrança guardada, cada dor silenciada e cada amor que persistiu vivem dentro de nós como um solo emocional, moldando de forma silenciosa a maneira como crescemos, escolhemos, nos relacionamos e sonhamos.


O filme também traz, de modo delicado, ecos da transmissão emocional entre gerações. A relação entre avó, mãe e filho revela como experiências maternas — e até maternas-ancestrais — podem influenciar a sensibilidade, a segurança interna e os modos de amar.


Não é sobre genética: é sobre vínculo, memória afetiva e a atmosfera emocional que nos envolve desde antes da nossa concepção.


Um dos momentos mais marcantes é quando Miguel compreende que a existência não termina na morte: ela continua enquanto houver alguém que nos lembre. Lembre de Mim, a música tema do filme, traduz com doçura essa ponte entre presença, ausência e afeto — e nos convida a reverenciar quem abriu caminho para que estivéssemos aqui.


Viva – A Vida é uma Festa é mais do que uma animação brilhante: é um lembrete de que crescemos dentro de histórias que não começamos, mas que temos a chance de continuar com consciência, respeito e liberdade. É um filme para ver com calma, coração aberto e, sempre que possível, em diferentes fases da vida — porque cada nova versão de nós enxerga um detalhe diferente.




 
 
 

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